A 14 de Outubro de 1992, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas foi adoptado o dia 3 de Dezembro como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Segundo estimativas da ONU, existem 625 milhões de pessoas com alguma deficiência (adquirida ou não), seja ela: física, auditiva, visual, intelectual, surdo cegueira (deficiência única), e/ou múltipla (união de duas ou mais deficiências) no mundo. São 10% da população mundial. É um décimo da raça humana!
Segundo a Organização Internacional do Trabalho três pessoas por dia adquirem alguma deficiência. São vítimas dos mais de 476 acidentes de trânsito ou trabalho, e assaltos com armas de fogo que ocorrem por minuto no mundo! Os acidentes de trânsito resultam em mais de 10 milhões de feridos por ano com gravidade e consequências, que incluem: amputações, ferimentos cerebrais, paraplégicas (afecta os membros superiores) e quadriplegia (afecta os membros superiores e inferiores). Ocorrem anualmente 20 milhões de acidentes domésticos, deixando 110.000 pessoas com deficiências permanentes.
No passado dia 3 de Dezembro foi o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o que é de louvar o facto de dedicarem pelo menos um dia no ano para as pessoas ditas normais “recordarem” que há pessoas “diferentes” delas. Houve quem dissesse nos meios de comunicação que nesse dia se comemorava o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Mas afinal há alguma coisa para comemorar? Não será a palavra “comemorar” um pouco forte e descontextualizada? Ai a ambiguidade da língua portuguesa….
Na verdade, é pena que para a maioria das pessoas seja apenas um dia ou mais um dia, pois parece que se neste dia for feito algo de bom em prole das pessoas com deficiência, o resto do ano não é preciso fazer mais nada, o que é não nada verdade.
As pessoas com deficiência precisam da ajuda da sociedade todos os dias, todas as semanas, todos os meses, sempre.
Neste dia não se deve recordar apenas que determinadas pessoas têm esta ou aquela deficiência e que por isso precisam da atenção, do apoio e carinho que normalmente não recebem. Deve-se recordar sim, que hoje nós somos ditos “normais”, mas que amanhã podemos ter um acidente, um problema de saúde ou uma doença e ficar a pertencer ao grupo dos que classificamos como “diferentes”. Este facto faz-nos realmente pensar como a nossa vida é inóspita e mutável, não é?
Aproveito mais uma vez para sugerir que se comece a pensar um pouco mais no outro e especialmente naqueles que por algum motivo ou incapacidade não são capazes de ter uma vida dita normal. A sociedade ainda impõe alguns entraves quer a nível social quer físico, como a descriminação social e no mundo do trabalho, a existência de barreiras arquitectónicas básicas impossibilitando determinada acção, a falta de sinalização informativa e de ajuda personalizada nos serviços públicos e privados. Já deve ser de conhecimento público, por exemplo, o facto de as caixas de Multibanco não estarem adequadamente instaladas impossibilitando o seu uso por uma pessoa numa cadeira de rodas ou de baixa estatura, as linhas de comboio não possuírem linhas de aviso da proximidade da linha de forma a informar os invisuais da sua presença, edifícios sem rampas, sinais sonoros nos semáforos, guias rebaixadas e até mesmo hospitais sem infra-estruturas adequadas.
Hoje em dia vivemos numa sociedade de trabalho exaustivo e frenético, fazemos tudo e mais alguma coisa, andamos sempre a correr de um lado para o outro, mas precisamos de romper com o ciclo da invisibilidade e de nos ir lembrando que há pessoas que não andam, não vêem, não ouvem, não falam, não caminham ou simplesmente não se mexem e que podem estar sozinhas a precisar de um simples sorriso. Por isso:
1- NUNCA se esqueça que essas pessoas existem e têm direitos e deveres como todos os cidadãos!
2- Respeite suas particularidades, potenciais e formas de se relacionar no mundo.
3- Trate-as com naturalidade na medida das suas diferenças.
4- Não as discrimine nem as idolatre. As pessoas com deficiência não são heroínas e nem coitadinhas.
5- Lute pela inclusão dessas pessoas, e não pelo assistencialismo caridoso e totalmente ineficaz.
Etiquetas: 3 de Dezembro, deficiência, dia internacional